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O Exótico Sentido da Vida

Ultimamente tenho assistido a filmes que tem me deixado mais pensativa de uma forma mais agradável.

Longe das questões sobre se existe ou não outros universos, viagens interplanetárias ou desvendar crimes e criminosos, estes filmes me colocam no rumo do ser humano e seus dilemas existenciais.

Fiquei muito feliz em reassistir aos dois filmes da franquia O Exótico Hotel Marigold. Talvez porque hoje me encontro mais próximo do que a sociedade determinou como sendo terceira idade, consegui perceber e sentir uma identificação com os personagens. Não que eles tragam aspectos da minha vida em suas histórias, mas consigo ter mais empatia com seus dramas e narrativas.

O filme fala sobre um hotel na Índia que quer se identificar como o lar para idosos aposentados e faz uma propaganda atrativa na internet, principalmente, creio eu, em páginas da Inglaterra, pois, é claro, que todos os hóspedes são ingleses.

Não vou me ater às interpretações de cada atriz ou ator, pois trata-se de profissionais mais do que renomados e todos estão magistrais. Quero apenas falar sobre os personagens e a riqueza das suas personalidades.

Um hotel que promete a exótica e barata vida na Índia para aposentados. Claro que ao chegarem lá, se deparam com um hotel decadente que espera lucrar o suficiente com o público-alvo, para se reerguer. Neste caso, hotel e hóspedes estão na mesma situação.

Começo com Evelyn, interpretada pela espetacular Judi Dench. Uma mulher de 79 anos recém viúva que se vê diante da inexperiência em tratar da própria vida. Ela precisa encontrar outro lugar para morar, já que seu falecido marido só deixou dívidas e ela precisa vender o apartamento onde moravam. Em meio às ofertas e a dúvida sobre wifi e wireless, ela se depara com o anúncio do hotel e aquilo lhe parece a salvação.

Evelyn, assim que chega ao hotel, volta aos classificados e anota um endereço. Descobrimos seu objetivo apenas quando ela chega ao local. Trata-se de um call center no qual ela almeja conseguir seu primeiro emprego. É claro que ela tem um choque de realidade quando vê apenas funcionários jovens e universitários, o que a faz pensar que está fazendo papel de tola. Mas ela consegue ser contratada como consultora de boas práticas no atendimento ao cliente.

A outra personagem é Muriel, interpretada por Maggie Smith. Uma mulher que dedicou sua vida aos cuidados da casa e da família, mas não a sua. Ela trabalhou por décadas como criada cuidando pessoalmente da faxina, da comida, da criação dos filhos e até das finanças domésticas, e quando envelheceu, feliz por ter conseguido uma auxiliar jovem, assim que ensinou o serviço a ela, foi demitida e passou a viver sozinha em seu minúsculo apartamento.

Diferente de Evelyn, Muriel chega ao hotel por indicação do hospital onde está esperando por uma cirurgia de quadril e que poderá demorar até seis meses, os quais ela diz não poder esperar, por conta da idade, já que nem mesmo tem coragem de comprar bananas verdes.

Cheia de reservas e preconceitos ela chega ao exótico país e é operada na mesma semana. Em recuperação, ela observa a criada e dá dicas de limpeza, sem saber que ao dirigir a palavra a ela, está lhe trazendo um enorme bem, pois, em seu próprio país, ela ainda é vista como inferior, da qual nem mesmo a sombra é digna de ser tocada. Da mesma forma ela observa o jovem e sonhador dono do Hotel, que tem que lutar contra o preconceito da mãe, sobre sua namorada, e o fato de não ter o apoio necessário nem dinheiro suficiente para continuar com seu grande sonho. É quando ela, colocando seu conhecimento sobre finanças em prática, resolve ver seu livro contábil e entende que há potencial. Juntos eles partem para os Estados Unidos para conseguir investidores. Ela se torna então, a gerente do hotel e responsável pela recepção.

Existem outros hospedes e cada um com suas questões, mas essas duas foram as que mais me chamaram atenção. A coragem de enfrentar a vida, o medo, o novo, superando preconceitos de qualquer lado.

É claro que se trata de um filme ficcional, mas a vida está repleta de pessoas que ousam, e assim como na história dos personagens, se veem obrigadas a enfrentar as questões que a vida traz todos os dias. Nem todas as pessoas conseguem usufruir de uma aposentadoria tranquila, física e financeiramente e é preciso ter coragem de se reinventar, e nem sempre isso é ruim, mesmo confrontando a ideia de que nessa fase da vida a pessoa quer apenas descansar.

No segundo filme vemos que todos os hóspedes já encontraram um novo sentido para suas vidas, se abrindo para o novo. Todos têm empregos e partem para recomeços, tanto românticos como pessoais.

A lição que fica é que a vida continua a ter sentido, sem importar o tempo que resta dela.